sábado, 6 de agosto de 2011

Quando Deus responde não

Palavra ministrada pelo Pb. Valdo na congregação do Boa Vista 2 no Culto de Instrução na quarta-feira a noite.


Tiago 4.2b-3

Hoje quero pregar sobre a consolação do NÃO de Deus, quando sua resposta negativa às nossas orações é uma bênção, quando o NÃO de Deus é o nosso livramento e quando a sua resposta contrária à nossa vontade é o maior gesto da sua misericórdia por nós.

I. OS QUE SE QUEIXAM SEM RAZÃO
Muitos são aqueles que sendo hoje tanto mais do que eram, e tendo tanto mais do que tinham, e estando tanto mais honrados do que estavam, ainda se queixam.

1. Adão
Adão antes de Deus o formar não era nada. Formado, era uma estátua de barro. Recebendo o sopro de Deus, pôs Adão em pé e começou a ser homem. Recebeu tanta honra que Deus lhe deu a presidência da terra: sobre todos os animais; a presidência do ar: sobre todas as aves e a presidência do mar: sobre todos os peixes. Parece que não podia ser mais nem melhor. Contudo, nem Adão nem Eva ficaram satisfeitos. Ainda queriam mais. E o que queriam? Queriam ser igual a Deus.
Há tal ambição de subir e tal desatino de crescer? Anteontem, nada; ontem, barro; hoje, homem; amanhã, Deus?

2. Davi
Em 2 Sm 7:8 diz: “Tomei-te da malhada, de detrás das ovelhas, para fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel”. Não só diz Deus o lugar onde o pôs, senão também o lugar donde o tirou. Tirou-o das pastagens pedregosas de Belém e o colocou no trono. Lembre-se o descontente com Deus, onde estava e onde está.
Os filhos de Zebedeu pediram para Jesus um lugar de honra no seu Reino. Enquanto Jesus fala da cruz, eles falavam da coroa. Enquanto Jesus sentia a dor da morte, eles estavam encantados com o poder. Jesus lhes diz que eles não sabem o que pedem e não lhes atende o pedido “Pedis e não recebeis, porque pedis mal”.

II. OS QUE PEDEM SEM SABER
Muitas vezes não sabemos também o que pedimos. Vejamos alguns exemplos:

1. Raquel
Raquel fez uma das mais importunas e impacientes petições que uma mulher pode fazer ao marido em sua vida: “Dá-me filhos, senão eu morrei” (Gn 30:1). Respondeu-lhe Jacó, que os filhos só Deus os dá, e só ele os pode dar. Raquel tinha o amor de Jacó, mas isto não era o suficiente para ele. Ele queria filhos para continuar vivendo.
Sua petição foi atendida, mas o resultado foi o contrário do que pediu. O que pedia Raquel não só era filho, senão filhos e assim lho concedeu Deus, porque a fez mãe de José e Benjamim. Mas, ao cabo dando à luz ao segundo filho, morreu de parto e no mesmo parto do segundo filho.
Tão certo é que no que pedimos com maiores ânsias, não sabemos o que pedimos.

2. Sansão e o Filho Pródigo
Sabida é a história de Sansão, e sabida a do Pródigo; ambos famosos por seus excessos. Deixados, pois os princípios, e progressos de uma e outra tragédia, ponhamo-nos ao fim de ambas, e vejamos o estado de extrema miséria, a que os passos de cada um os levaram por tão diversos caminhos.
Vejam aquele homem robusto e agigantado, que com aspecto ferozmente triste, tosquiados os cabelos, cavados os olhos, e correndo sangue, atado dentro de um cárcere a duas fortes cadeias. Pois aquele é Sansão.
Vejam aquele jovem macilento e pensativo, que roto e quase despido, com uma corneta pendente no ombro, arrimado sobre um cajado, vivendo na pocilga e com fome. Pois aquele é o Pródigo.
Que mudanças! Um era tão valente e outro tão altivo. Agora o Pródigo com fome não tem autorização para comer as bolotas dos porcos e Sansão, o imbatívele jogado em público para chacota do povo, foi escarnecido e afrontado até à morte. Mas qual a causa dessas mudanças tão estranhas? Essas mudanças aterradoras não tiveram outra causa que a resposta positiva que ambos fizeram.
Sansão pediu a seus pais que lhe dessem por mulher uma filistéia. Concederam-lhe os pais o que pediu; e esta filistéia foi a causa das guerras que Sansão teve com os filisteus, e dos enganos e traições de Dalila, e da sua prisão, e do seu cativeiro, e da sua cegueira, e das suas afrontas e por fim da sua própria morte.
O Pródigo pediu a seu pai que lhe desse em vida a herança que lhe havia de caber por sua morte. Concedeu-lhe o Pai o que pedira: e esta herança consumida em larguezas, e vícios da mocidade, foi a causa da sua pobreza, da sua vileza, da sua miséria, da sua fome, da sua servidão, da sua desonra, que só tiveram de desconto o pesar e o arrependimento.

3. Aplicação
Pediria Raquel filhos se soubesse que o ter filhos lhe havia de custar a vida?
Pediria Sansão a filistéia, se soubesse que ela havia de ser a causa de sua afronta, de sua morte e de perder os olhos com que a vira?
Pediria o Pródigo a herança antecipada, se soubesse que com ela havia de comprar a miséria, a fome, a servidão e desonra?
Claro está que não. Pois se agora não haviam de pedir nada do que pediram, senão antes o contrário, porque o pediram então? Vocês já sabem a resposta: Pediram porque não sabiam o que pediram. Isso deve nos ensinar aceitar o Não de Deus com gratidão.

III. OS QUE SE SUBMETEM À VONTADE DE DEUS
Jesus ensina no Sermão do Monte: “Pedi e dar-se-vos-á”. E para maior confirmação desta promessa acrescenta: “Pois todo o que pede, recebe” (Lc 11:9-13). Não diz Jesus que todo o que pede recebe o que pede. Diz Jesus que todo o que pede recebe. Muitas vezes, porém, recebe o contrário do que pede.
Cuidamos que pedimos sustento e pedimos veneno; cuidamos que pedimos o que havemos de comer e pedimos o que nos há de comer; cuidamos que pedimos com que viver, e pedimos o que nos há de matar
Quando somos tão néscios que não distinguimos o escorpião do ovo, nem a serpente do peixe, nem o pão da pedra, Deus que é Pai e tão bom Pai, nos nega peremptoriamente o que tão perigosamente pedimos.

CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo diz que Deus nos assiste em nossa fraqueza porque não sabemos orar como convém. Não sabemos orar porque não conhecemos o futuro nem sabemos o que é melhor para nós. Como filhos de Deus, precisamos aprender dois princípios básicos ensinados por Tiago:
1. Devemos sempre orar a Deus e pedir a ele o que necessitamos – Diz Tiago: “Nada tendes, porque nada pedis”. Jesus ensinou: “Pedi e dar-se-vos-á”.
2. Devemos sempre nos alegrar quando Deus responde NÃO às nossas orações. Deus é soberano. Ele está no controle do universo e das nossas vidas.

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